A síndrome do pânico é uma classificação
da psiquiatria para falar de um conjunto de sinais e sintomas.
A psicanálise, por sua vez, não trabalha
apenas com sinais e sintomas, busca pensar as causas do fenômeno.
Freud, antes de fundar a psicanálise tomando
como marco inicial o livro “A Interpretação dos Sonhos”(1900 ), em seu texto “Sobre
os Fundamentos para Destacar da Neurastenia uma Síndrome Específica Denominada Neurose
de Angústia” (FREUD, 1895[1894]/2006) já havia descrito os sinais e sintomas da
síndrome do pânico e dado, inclusive, alguns indicativos do que achava que eram
suas causas. Mas reformula seu ponto de vista posteriormente, ou seja, deu
passos a mais em sua teoria.
E
o que seria a tal da síndrome do pânico? Costuma apresentar sinais corporais
como aceleração dos batimentos cardíacos (palpitações), ansiedade intensa e que
não se sabe a sua causa, sensação de perigo iminente (que pode chegar inclusive
ao medo de estar morrendo), sudorese, paralisia, dentre outros.
Ora, mas já existem remédios para tratar
estes sintomas, dizem alguns. Sim, os sintomas sim, mas será mesmo que isto
resolve o problema? Por exemplo, quando se tem febre deve-se tratar a febre ou
as causas da febre? Se a febre estiver acima dos 40° graus, algo está muito
errado com o organismo! Podemos dizer o mesmo sobre este fenômeno do pânico:
algo está acontecendo e é a partir da interrogação do que se passa com a
pessoa, que se inicia um processo que trata das causas do fenômeno conhecido
por síndrome de pânico, mais do que apenas dos sintomas.
Uma das coisas que mais deixa quem sofre
de síndrome do pânico atônito, angustiado, é o não saber do porquê de
suas crises, de seu mal-estar. Quando lhe perguntam o que aconteceu antes ou o
que a pessoa imagina serem as causas de seu mal-estar, muitas vezes em resposta
ela diz: “Não sei, não tenho a menor ideia, estava tudo bem até agora pouco! ”
E neste ponto, quando se leva em
consideração a teoria da psicanálise, que postula justamente o Inconsciente,
esta é uma resposta a ser levada em consideração: se há algo inconsciente
acontecendo, e se inconsciente é sinônimo de algo que não é possível ter acesso
direto, tampouco sozinho, a resposta da pessoa está correta. É numa análise,
onde a pessoa constrói “um saber sobre si própria a partir do que é falado por
ela mesma” e, do que lhe devolve o psicanalista a partir de sua escuta, que é
possível desenvolver algumas destas respostas.
A terapêutica psicanalítica, desta
forma, demanda um tempo diferente do tempo do relógio: coletar os sinais do que
é inconsciente, elaborá-los, construir um saber sobre isto e aí sim, entrar em
contato com outras questões, as quais podem ser também angustiantes, mas desta
vez com mais clareza, tudo isto demanda um tempo próprio, num processo cujo
motor é a vontade de saber do analisando.
Vale aqui ressalvar, que o auto diagnóstico
não é recomendável.
Abrahão
de Faria Rocha
Pastor e Psicanalista