quinta-feira, 2 de janeiro de 2020

SINDROME DO PÂNICO: Uma Palinha Psicanalítica!


       A síndrome do pânico é uma classificação da psiquiatria para falar de um conjunto de sinais e sintomas.
       A psicanálise, por sua vez, não trabalha apenas com sinais e sintomas, busca pensar as causas do fenômeno.
       Freud, antes de fundar a psicanálise tomando como marco inicial o livro “A Interpretação dos Sonhos”(1900 ), em seu texto “Sobre os Fundamentos para Destacar da Neurastenia uma Síndrome Específica Denominada Neurose de Angústia” (FREUD, 1895[1894]/2006) já havia descrito os sinais e sintomas da síndrome do pânico e dado, inclusive, alguns indicativos do que achava que eram suas causas. Mas reformula seu ponto de vista posteriormente, ou seja, deu passos a mais em sua teoria.
       E o que seria a tal da síndrome do pânico? Costuma apresentar sinais corporais como aceleração dos batimentos cardíacos (palpitações), ansiedade intensa e que não se sabe a sua causa, sensação de perigo iminente (que pode chegar inclusive ao medo de estar morrendo), sudorese, paralisia, dentre outros.
       Ora, mas já existem remédios para tratar estes sintomas, dizem alguns. Sim, os sintomas sim, mas será mesmo que isto resolve o problema? Por exemplo, quando se tem febre deve-se tratar a febre ou as causas da febre? Se a febre estiver acima dos 40° graus, algo está muito errado com o organismo! Podemos dizer o mesmo sobre este fenômeno do pânico: algo está acontecendo e é a partir da interrogação do que se passa com a pessoa, que se inicia um processo que trata das causas do fenômeno conhecido por síndrome de pânico, mais do que apenas dos sintomas.
       Uma das coisas que mais deixa quem sofre de síndrome do pânico atônito, angustiado, é o não saber do porquê de suas crises, de seu mal-estar. Quando lhe perguntam o que aconteceu antes ou o que a pessoa imagina serem as causas de seu mal-estar, muitas vezes em resposta ela diz: “Não sei, não tenho a menor ideia, estava tudo bem até agora pouco! ”
       E neste ponto, quando se leva em consideração a teoria da psicanálise, que postula justamente o Inconsciente, esta é uma resposta a ser levada em consideração: se há algo inconsciente acontecendo, e se inconsciente é sinônimo de algo que não é possível ter acesso direto, tampouco sozinho, a resposta da pessoa está correta. É numa análise, onde a pessoa constrói “um saber sobre si própria a partir do que é falado por ela mesma” e, do que lhe devolve o psicanalista a partir de sua escuta, que é possível desenvolver algumas destas respostas.
       A terapêutica psicanalítica, desta forma, demanda um tempo diferente do tempo do relógio: coletar os sinais do que é inconsciente, elaborá-los, construir um saber sobre isto e aí sim, entrar em contato com outras questões, as quais podem ser também angustiantes, mas desta vez com mais clareza, tudo isto demanda um tempo próprio, num processo cujo motor é a vontade de saber do analisando.
       Vale aqui ressalvar, que o auto diagnóstico não é recomendável.  
                                                       Abrahão de Faria Rocha
                                                          Pastor e Psicanalista