domingo, 1 de abril de 2012

Urubus e sabiás
Rubem Alves

"Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam de se tornar grandes cantores. E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros. Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamam de Vossa Excelência. Tudo ia muito bem até que a doce tranqüilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa , e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.

— Onde estão os documentos dos seus concursos? E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvessem. Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...

— Não, assim não pode ser. Cantar sem a titulação devida é um desrespeito à ordem.

E os urubus, em uníssono, expulsaram da floresta os passarinhos que cantavam sem alvarás...

MORAL: Em terra de urubus diplomados não se houve canto de sabiá."


O texto acima foi extraído do livro "Estórias de quem gosta de ensinar — O fim dos Vestibulares", editora Ars Poetica — São Paulo, 1995, pág. 81.

NOSSA MENSAGEM:
Sabemos que o ministério de louvor da igreja é alvo do inimigo, isso devido ser o louvor a introdução da adoração na congregação. Assim, temos presenciado os diversos tipos de investida diabólica ao ministério. Tais como, doenças que afetam integrantes do ministério, incompreensões e brigas entre os componentes, ciúmes, falta de compromisso com a obra, e tantos outros problemas, que promovem a desestabilização do grupo. Com isso, quem sai ganhando é o inimigo das nossas almas.
Na estória do nosso amado escritor Rubem Alves, pudemos observar que o ciúme dos urubus foi o motivo da anulação do louvor dos sabiás, que poderia ser a melhor forma de entronizar os animais da floresta na adoração ao criador, incluindo os urubus.
Você que faz parte de um grupo de louvor tem se comportado como urubu?
Talvez você se julgue melhor do que os outros no ministério! Se assim for, você estará se comportando como os urubus da estória.
Seja um adorador segundo os padrões de Deus, seja humilde, cordato, pacificador, obediente e fiel ao compromisso com Deus.
Assin.: Pr. Abrahão de Faria Rocha

Nenhum comentário:

Postar um comentário